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DM Talks - Sistemas de administração de fármacos: desafios e respostas

DM TALKS

No dia 9 de maio, pelas 16h00, decorrerá mais uma edição das DM Talks que terá como orador o professor José Augusto Ferreira, com a palestra intitulada "Sistemas de administração de fármacos: desafios e respostas".

O evento decorrerá na plataforma Zoom, com a duração prevista de uma hora

As DM Talks é uma iniciativa do Departamento de Matemática do ISEL que pretende abordar temas da Matemática com interesse e relevância atual, convidando oradores a apresentar o seu trabalho científico ou a partilhar a sua experiência profissional num ambiente aberto à discussão e ao debate de ideias.

As palestras são de participação livre e dirigidas a toda a comunidade científica, em particular, aos alunos e professores do ISEL.

Resumo

Os fármacos são tradicionalmente administrados de forma periódica, utilizando diferentes vias que podemos considerar agrupadas em dois grandes conjuntos: enteral e parental.  No tecido alvo, a concentração do fármaco, que deverá estar na chamada janela terapêutica, apresenta frequentemente um comportamento oscilatório. Esse comportamento pode levar a uma menor eficácia do tratamento.

Em alguns cenários, como no caso de tratamentos oncológicos, a administração dos fármacos é feita por via intravenosa e pode causar efeitos colaterais muito agressivos. Com o objetivo de aumentar a eficácia das terapêuticas e controlar os efeitos indesejados, foram propostos novos dispositivos de administração em que o fármaco é aprisionado numa estrutura e apenas é libertado no tecido alvo, de forma lenta e gradual, conduzindo a uma concentração constante dentro da janela terapêutica. Deste modo, o organismo é protegido de eventuais efeitos colaterais, e, em geral, observa-se um aumento na eficácia do fármaco.

A fim de permitir a libertação do fármaco apenas onde é necessário, quando é necessário, e na quantidade pretendida, foram desenvolvidos dispositivos de administração que respondem a estímulos endógenos (enzimas, pH, glicose, etc) ou exógenos (luz, campos elétricos, campos magnéticos, ultrassons, temperatura, etc).

O recurso a experiências in silico, que permitem desenvolver experiências in vitro de forma eficiente, precisa e económica, é hoje frequente. No contexto da libertação controlada de fármacos, as ferramentas computacionais têm hoje um papel importante pois permitem desenhar virtualmente o processo de libertação de um fármaco a partir de uma estrutura com recurso a um estímulo em diferentes cenários. A simulação computacional do processo de libertação coloca um conjunto de questões matemáticas interessantes: a descrição matemática dos fenómenos envolvidos, o estudo dos problemas matemáticos construídos, o desenvolvimento de métodos numéricos precisos e estáveis, e o desenvolvimento de plataformas computacionais para a simulação. Neste trabalho pretendemos dar resposta a algumas das questões anteriores em diferentes cenários.

José Augusto Ferreira

Professor Catedrático do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (DM da FCTUC) onde, em 1995, obteve o seu doutoramento em Matemática. É membro do grupo de Análise Numérica e Otimização do Centro de Matemática da Universidade de Coimbra e a sua área de investigação centra-se no estudo de problemas envolvendo Equações com Derivadas Parciais (EDPs), análise numérica de métodos numéricos para EDPs, e aplicações à Engenharia e à Medicina (http://www.mat.uc.pt/~ferreira/)