SEMINÁRIO DE FÍSICA
Título: A cartografia de Magalhães e a questão das Molucas
Orador: Joaquim Alves Gaspar* (Centro Inter-Universitário de História das Ciências e da Tecnologia,
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa)
* Trabalho realizado no âmbito do Projecto Medea-Chart.
Colibri – Zoom https://videoconf-colibri.zoom.us/j/86548479042
Abstract:
Em 1517 Fernão de Magalhães chegou a Sevilha, com uma proposta irrecusável para o jovem rei Carlos I de Espanha: demonstrar que as cobiçadas ilhas Molucas, fonte do valioso cravo, se situavam no hemisfério espanhol, de acordo com os termos do Tratado de Tordesilhas, e podiam ser alcançadas navegando para ocidente. Tratava-se de um desafio semelhante ao que, cerca de 30 anos antes, Cristóvão Colombo tinha feito aos reis Católicos. Desta vez, contudo, o destino final era bem conhecido dos portugueses e sabia-se que a Terra era bastante maior do que Colombo a tinha considerado. O desafio era grande: encontrar uma passagem do Atlântico para o Pacífico, atravessar o Pacífico (completamente desconhecido, na época), provar que as Molucas se encontravam a menos de 180 graus para ocidente da linha de demarcação e, finalmente, voltar pelo mesmo caminho a fim de não beliscar os direitos concedidos a Portugal pelo Tratado de Tordesilhas. Nesta palestra mostra-se como a cartografia portuguesa da época, bem conhecida de Magalhães, teve um papel central na proposta apresentada a Carlos I. Ao contrário do que se poderia pensar, Magalhães foi honesto nas suas alegações de que as Molucas se situavam no hemisfério espanhol. De facto, era assim que elas eram representadas na cartografia portuguesa na época, e também, no magnífico planisfério oferecido, na ocasião a Carlos I. O que se desconhecia na altura era que as cartas náuticas eram afectadas por estranhos erros em longitude, decorrentes do efeito da declinação magnética nos rumos medidos com a agulha de marear.
A palestra tem duas partes. Na primeira, irei passar brevemente em revista a evolução da cartografia portuguesa desde meados do século XV até à preparação da viagem de Magalhães e Elcano. Na segunda,
irei deter-me especificamente sobre a representação das Molucas na cartografia náutica antes e depois da viagem de Magalhães.